O GLOBO
Cunha quer usar conta suspeita na Suíça para pagar multa da Lava-Jato
MPF diz que ex-deputado usou banco estrangeiro para receber propina da Petrobras
SÃO PAULO - O ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) quer pagar a multa de US$ 1,5 milhão na Lava-Jato com dinheiro de contas na Suíça que foram bloqueadas pela Justiça. Segundo a acusação, o ex-presidente da Câmara recebeu nessas contas propina do negócio que a Petrobras fez com campo de petróleo em Benin, na África. A negociação levou Cunha a ser condenado a 14 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

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A defesa de Cunha disse que já está em andamento a repatriação de cerca de 2,3 milhões de francos, o equivalente a R$ 9,1 milhões, encontrados na contas Netherton Investments e Kopek pelas autoridades suíças. Os advogados pediram que o juiz Sergio Moro faça a transferência dos valores para uma conta judicial para quitar a multa, equivalente a R$ 3,6 milhões. O pedido dos advogados do ex-deputado causou perplexidade na Lava-Jato. Para os procuradores, os valores da repatriação de Cunha devem ser perdidos, por se tratar de produto de crime.

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— Seria algo como o ladrão de banco usar o dinheiro roubado para pagar a multa — disse uma fonte que acompanha o processo ao O GLOBO."O montante vinculado à conta Netherton – superior ao próprio valor fixado para reparação – já se encontra em poder das autoridades públicas, notadamente a 13ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, considerando o bloqueio dos ativos já efetivado. Assim sendo, estão à disposição daquele juízo federal valores superiores ao montante devido em sede de reparação do dano", escreveram os advogados de Cunha, em petição protocolada na última terça-feira.

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Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, as contas Netherton e Kopek foram abastecidas com propina para Cunha. A Kopek seria destinada a pagar as contas do cartão de crédito da jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado, que usou os valores para bancar gastos em lojas de grife e em viagens. Embora tenha sido absolvida por Moro, Cláudia acabou condenada nesse caso pela segunda instância a dois anos e seis meses de prisão.

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A Suíça normalmente só repatria valores após o transito em julgado de um processo, ou seja, quando não há mais recursos à disposição do réu. Caso a repatriação ocorra antes do fim do processo, os valores ficam depositados em conta judicial.

16/08/2018
Fonte: GUSTAVO SCHMITT
 
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