Um laudo preliminar da Defesa Civil municipal aponta que não há risco de desabamento do palácio que abriga o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio. A declaração foi dada pelo coordenador da Defesa Civil do Rio, Luiz André Moreira, em entrevista ao RJTV no fim da manhã desta segunda-feira (3) . Segundo ele, há uma recomendação de interdição momentânea do prédio.
De acordo com nota da pasta, "existe um grande risco de desabamento" na parte interna, com a queda de trechos remanescentes de laje, parte do telhado e paredes divisórias. Na área externa, graças à espessura das fachadas, o risco não é iminente.
"A fachada por inteiro nós não verificamos indícios de risco estrutural de colapsar. Existe, sim (risco interno), em função de trincas que ocorreram na fachada e do revestimento, é possível a queda de partes dos revestimentos, de fragmentos dos adornos, dos beirais e da própria esquadria das janelas que estão danificadas devido ao incêndio", disse Moreira.
O coordenador da Defesa Civil disse que o laudo ainda está em fase conclusiva e afirmou que as causas do incêndio serão apontadas pela perícia. O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse que "há várias hipóteses", mas que curto-circuito e a queda de balão são possibilidades. As Polícias Civil e Federal já abriram inquérito para apurar a razão do fogo.
O incêndio de grandes proporções que começou na noite de domingo (2) destruiu todo o interior do prédio, que tem três pavimentos e mais de 9 mil metros quadrados de área útil. O acervo conta com mais de 20 milhões de itens. De acordo com um bombeiro que participou da operação, a falta de água atrasou o trabalho.
Diretor-adjunto do Museu Nacional, Luiz Fernando Dias Duarte desabafou sobre o que chama de "descaso" das autoridades. Roberto Leher, diretor do Museu, foi mais enfático.
"É necessário que, de fato, o poder público federal olhe para o Brasil e pense o significado da memória histórica que temos nesse Museu Nacional".
O Museu Nacional fica próximo ao zoológico, mas vistoria feita no local constatou que a saúde dos animais não foi afetada. Por sorte, a fumaça foi levada para outra direção por conta do vento.
Uso de drones
Os bombeiros usam drones para mapear a área do Museu Nacional sem oferecer risco para nenhum ser humano. A equipe responsável pelo aparelho já trabalha com essa tecnologia há três anos.
O objetivo é averiguar com cuidado as condições do prédio e se há algo que deva ser resgatado imediatamente. Os drones oferecem a possibilidade de verificar detalhes que não seriam analisados tão facilmente por um profissional do Corpo de Bombeiros.
A mais antiga instituição científica do país abrigava um acervo de mais de 20 milhões de itens que foram consumidos pelo fogo. O Museu Nacional completa 200 anos em 2018 e já foi residência de um rei e de dois imperadores.
Figuras históricas como Albert Einstein, Madame Curie, Santos Dumont e Lévi-Strauss foram visitantes importantes do Museu no século passado. Há 60 anos, Juscelino Kubitschek teria sido o último presidente a visitar o local.
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