O candidato da Rede ao governo de Pernambuco, Julio Lossio, afirmou nesta terça-feira (11), em entrevista à TV Globo, que, se for eleito, vai conceder bônus para os policiais militares que atuam nas ruas e para agentes comunitários de saúde. O candidato não explicou qual será a origem desses recursos.
Segundo o representante da Rede, a ideia é criar benefício de um salário-mínimo para os agentes comunitários de saúde. "E vamos cobrar cinco iniciativas: ele vai ter que garantir que na sua área as mulheres façam o pré-natal, o exame preventivo de câncer e a mamografia e que os homens façam o teste de próstrata. E que todos os pacientes hipertensos e diabéticos tenham uma planilha de acompanhamento", afirmou.
O NE1 realiza a partir desta semana uma série de entrevistas com os candidatos a governador de Pernambuco. Os candidatos serão entrevistados pelo jornalista Márcio Bonfim.
Diante da pergunta sobre o fechamento de um laboratório público em Petrolina, cidade do Sertão governada por ele em duas ocasiões, o candidato afirmou ter encontrado problemas de gestão.
"O laboratório estava em condições degradantes, com máquinas quebradas, equipamentos quebrados, um monte de funcionário lá dentro sem trabalhar. Não importa quem faça, o importante é que façamos", justificou a medida.
Sobres as críticas a suas administrações na Prefeitura de Petrolina, Lossio justificou que sofre ataques por enfrentar uma família que está há 50 anos no poder. "Eu tenho uma oposição dura. Foi a primeira vez que eles perderam eleição com um membro da família disputando", declarou.
Em relação a propostas, Lossio também disse que planeja custear a implantação de sistemas de limitação de velocidade em motos, os chamados tacógrafos. Essa seria uma forma de tentar, segundo ele, reduzir o número de acidentes com motociclistas.
"Vamos limitar a velocidade para tentar diminuir a quantidade de acidentes e de pessoas afetadas. Gastamos R$ 600 milhões por ano com atendimentos hospitalares no estado de pessoas acidentadas com motos", disse.
Questionado sobre a viabilidade de o governo estadual intervir em questões de trânsito, de competência federal, ele afirmou que a "lei permite". "O Denatran e a lei já dizem que a moto deve andar, por exemplo, em uma velocidade máxima, nas áreas urbanas, que chega a 60 km por hora", acrescentou.
O representante da Rede também disse que pretende regulamentar os serviços de mototáxis, motofretes e de entregas feitas por motoqueiros.
Na entrevista, Lossio apresentou uma porposta para permitir que hospitais que tiverem dívidas de Imposto sobre Serviços (ISS) possam trocar o pagamento por oferta de intervenções médicas para a população. "Chamo isso de escambo tributário", declarou.
Ao detalhar a ideia do "credenciamento universal", ele falou sobre as possíveis vantagens da inciativa. "Nós vamos colocar o homem e a mulher simples nos melhores hospitais da cidade. E nós vamos evitar que o dinheiro vá para a prefeitura. E se ele [o dinheiro] não vai para a prefeitura, se ele não vai para o estado, não tem perigo de ter corrupção", disse.
O ex-prefeito de Petrolina declarou na entrevista que ele é o único candidato que tem experiência com a gestão pública, com excessão do governador Paulo Câmara que, segundo ele, é mal avaliado pela população.
Por ser o único nome na disputa pelo governo de Pernambuco que não é do Recife, Lossio fez questão de frisar que não é "o candidato do interior de Pernambuco.".
Na área de segurança pública, o candidato da Rede afirmou que planeja criar uma polícia estadual para fiscalizar as estradas.
Ao ser questionado a respeito de uma possível sobreposição de competências, já que existe um batalhão especializado na Polícia Militar, ele destacou que é preciso invetir mais na fiscalização da entrada de armas e drogas em Pernambuco.
O representante da Rede também falou sobre a experiência na educação, durante os mandatos na prefeitura sertaneja. "Iniciamos um trabalho de educação no ensino fundamental. Petrolina conseguiu a melhor nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação) das maiores cidades de Pernambuco, melhor do que 20 capitais", afirmou.
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Interior
"Eu não sou candidato interior, sou candidato de Pernambuco. Eu morei em Recife, tive a oportunidade de trabalhar pelo Estado praticamente inteiro como médico oftalmologista e tive a oportunidade de ser prefeito em uma cidade média brasileira, de uma das cidades mais importantes de Pernambuco, e com experiência que considerada exitosa. A revista Época publicou um artigo onde Petrolina estava situada com a melhor cidade do Nordeste para se viver. Eu consegui implementar um modelo, e eu agradeço muito a um homem chamado Marcos Magalhães, que foi que iniciou a escola de tempo integral em Pernambuco, e lá nós iniciamos um trabalho de educação no ensino fundamental. Petrolina conseguiu a melhor nota no Ideb das maiores cidades de Pernambuco, melhor do que 20 capitais. Nós focamos muito também nas questões da educação e na valorização do agente comunitário de saúde, com foco muito grande na redução da mortalidade infantil, na prevenção do diabetes, da hipertensão, no cuidado do diagnóstico precoce do câncer de colo, do câncer de mama e do câncer de útero, que são cinco coisas muito importantes no que se trata de doenças degenerativas. Portanto, eu acredito que hoje, dentre os candidatos que aí estão, com exceção do governador que está na cadeira e está mal avaliado, eu sou o único que tem experiência na gestão pública. Os demais tiveram experiência na iniciativa privada, por sinal, experiências ruins. E eu, na iniciativa privada, também tive uma boa experiência."
Laboratório
"Não importa quem faça, o importante é que nós façamos. O laboratório estava em condições degradantes, com máquinas quebradas, equipamentos quebrados, um monte de funcionário lá dentro sem trabalhar, e nós resolvemos criar uma coisa que nós vamos trazer para Recife também, vamos propor para o prefeito do Recife, como governador, que é o ISS através do credenciamento Universal. Nós criamos um projeto onde os hospitais privados, os laboratórios privados, a Unimed, poderiam pagar o seu ISS que estava atrasado através da prestação de serviço. Eu estou colocando isso no meu governo e isso está se chamando de 'escambo tributário'. (...) Imagina se os hospitais privados de Recife pudessem pagar os seus impostos com serviços? Qual a grande vantagem disso? Nós vamos colocar o homem e a mulher simples nos melhores hospitais da cidade. E nós vamos evitar que o dinheiro vá para a prefeitura. E se ele [o dinheiro] não vai para a prefeitura, se ele não vai para o estado, não tem perigo de ter corrupção. Então, veja, [com isso] nós dobramos o número de exames, triplicamos, na verdade."
Saúde
"Hoje, nós precisamos acabar com esse modelo hospitalocêntrico. Pernambuco se voltou muito para a questão hospitalar. Nós temos hoje 16 hospitais no arco metropolitano. No governo de Eduardo Campos foram construídas várias unidades hospitalares no arco metropolitano e nós temos 17 hospitais espalhados por todo o estado, temos 15 UPAs, sendo 10 UPAEs, mas não estão funcionando bem, porque nós estamos gastando uma fortuna com coisas que poderiam ser preveníveis. Qual é o maior gasto que nós temos em saúde hoje? Acidente de motos. São R$ 600 milhões que Pernambuco está gastando só com acidente de moto. Esse número pode chegar a R$ 1 bilhão se você colocar o atendimento pré-hospitalar e pós-hospitalar."
Motos
"O Denatran já definiu [sobre a instalação de tacógrafo nas motos]. Está definida a velocidade nas áreas urbanas, nas avenidas e nas ruas. O Denatran e a lei já dizem que a moto deve andar, por exemplo, em uma velocidade máxima, nas áreas urbanas, que chega a 60 km por hora. Que é uma sugestão até que eu recebi no meu zap, que é o 98104-1818. (...). O Denatran já definiu isso. Isso não é legislação nova. Nós apenas vamos dar um jeito de aplicar a lei. Todas as motos novas que forem vendidas em Pernambuco deverão vir com tacógrafo. E as motos que existem o governo vai bancar esse tacógrafo, que é algo barato. Olha, R$ 1 bilhão foi gasto em 2017 com isso e nós sabemos que 43% desses acidentes ocorrem no final de semana. Vamos vigiar os finais de semana para proteger a vida dessas pessoas. E eu não estou falando da previdência. Imagina as pessoas que morrem e que a família vai ficar desamparada, mães com dois ou três filhos, ou então o indivíduo que ficou paraplágico, tetraplégico, com 25 anos ou 26 anos e ele passar 50 anos na previdência. Se a lei fala a respeito de velocidade, eu posso, como governador, mandar um projeto de lei para a assembleia exigindo a colocação. Nós vamos discutir com nossa assembleia essa questão, eu não tenho dúvida. Você acha que alguém votaria contra algo que vai colocar em prática uma lei que já existe? Porque essa lei é federal, não é uma lei estadual, eu tenho consciência disso. Mas nós precisamos definir isso e medir isso para proteger os próprios motoqueiros. Recife, por exemplo, tem um grande serviço de mototáxis, mas a prefeitura faz de conta que não existe e não regulamenta. Nós vamos regulamentar os mototáxis, motoboys e motofretes em Pernambuco."
Oposição
"Eu tenho uma oposição dura. Eu enfrentei lá [em Petrolina] uma família que está há 50 anos no poder. Foi a primeira vez que eles perderam eleição com um membro da família disputando. Então, eu sofro ataques e críticas todos os dias. Mas o que importa, de fato, é o resultado. Eu tenho dito que nós queremos melhorar a educação, nós fizemos um programa de creches que foi o maior programa de creches do Brasil, com 10 mil crianças atendidas de 6h às 18h. Eu tenho dito que vai poder faltar dinheiro para tudo, mas não faltará dinheiro para as crianças. E volto a dizer: o Estado não tem que fazer, tem que oferecer o serviço. Se é feito através de parcerias com a iniciativa privada ou através de concessões, o que o cidadão quer saber e o que o pai de família quer saber é se o filho dele vai realizar cirurgia, seja em hospital público ou em hospital privado."
Educação
"Na questão do Novas Sementes, programa que nós fizemos, o estado toma conta de algumas escolas do ensino fundamental - por sinal, a nota caiu dessas escolas. As escolas do estado que têm ensino fundamental I hoje ocupam a 17ª posição do Brasil. Nos [casos em que o governo] cuida do ensino fundamental II, [as escolas] estão na 11ª. E o ensino médio, que dizem que é melhor do Brasil, caiu para terceiro lugar - não é verdade que é o melhor do Brasil. Nós vamos assumir a educação infantil. O estado tem um programa, mas é muito tímido... tem muita propaganda, mas é muito tímido, que é o programa Mãe Coruja. Nós vamos criar o Novas Sementes Pernambucanas para ter creches e garantir o ensino na primeira infância. Estamos desenhando também um programa vintenário, um programa de 20 anos.
Infância
Ninguém resolve o problema da violência em Pernambuco pensando muito de imediato. Porque nós hoje temos 150 mil jovens matriculados no ensino fundamental e só têm saído 90 mil do ensino médio. Isso significa 60 mil crianças que abandonam a escola todo o ano. Se você pensar entre 15 e 25 anos, são 600 mil jovens - e essa é a matéria-prima do crime em Pernambuco hoje. Portanto, nós queremos, primeiro, fazer um trabalho com atenção básica. Nós vamos criar um bônus de um salário-mínimo para os agentes comunitários de saúde, um programa de adesão. E acredito que as prefeituras não têm razão de não aderir. E vamos cobrar do agente de saúde cinco iniciativas: ele vai ter que garantir que na sua área as mulheres façam o pré-natal, ele vai ter que garantir que na sua área elas façam o exame preventivo de câncer e o exame de mamografia, que os homens façam o teste de próstrata, e que todos os pacientes hipertensos e diabéticos tenham uma planilha de acompanhamento. Isso para o agente comunitário de saúde."
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