A Secretaria Estadual da Saúde anunciou na tarde desta quarta-feira (28) a primeira morte provocada pelo sarampo na cidade e no estado de São Paulo desde o início do surto da doença neste ano. Segundo a secretaria, é a primeira morte no estado desde 1997.
A vítima é um homem de 42 anos, sem registro de imunização. Ele era morador de Itaquera, Zona Leste da capital, chegou a ficar internado no hospital e morreu em 17 de agosto. O homem não possuía o baço, órgão do sistema linfático responsável por, entre outras funções, produzir e armazenar células de defesa do corpo.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que fez bloqueio na região onde a vítima morava, no hospital, próximo à família dele e no local onde ele trabalhava. Além disso, aplicou vacinas nas pessoas que vivem ou trabalham nesses locais. A suspeita é que a vítima tenha contraído sarampo de duas sobrinhas.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode evoluir para complicações e levar à morte. De acordo com o balanço da Secretaria da Saúde divulgado na semana passada, o estado tem 2.457 casos da doença, sendo 66% na capital paulista, o que equivale a 1.637 pessoas contaminadas pela doença.
Segundo o último balanço nacional do Ministério da Saúde, referente ao período entre 19 de maio e 10 de agosto, 99% dos casos confirmados da doença foram no estado de São Paulo.
Vacinação
A Prefeitura de São Paulo decidiu prorrogar a campanha de vacinação contra sarampo para jovens de 15 a 29 anos e bebês de 6 meses a um ano de idade até o dia 31 de agosto. A recomendação é de que todos que fazem parte do público-alvo da campanha se imunizem, independentemente de já terem tomado as duas doses da vacina anteriormente.
Desde o início da campanha, a vacina está sendo oferecida nas Unidades Básicas de Saúde e em postos volantes montados em áreas de grande circulação, como estações de trens, metrô e terminais de ônibus, além de creches, escolas e universidades.
A imunização deve seguir o seguinte esquema:
• Indivíduos de 12 meses a 29 anos de idade: 2 doses de tríplice viral com intervalo mínimo de 30 dias entre elas;
• Indivíduos de 30 a 49 anos de idade não vacinados: 1 dose de tríplice viral;
• Profissionais de saúde não vacinados: 2 doses com a vacina tríplice viral independente da idade, com intervalo mínimo de 30 dias entre elas.
• Ainda é indicada a vacinação de crianças de 6 meses a menores de 1 ano que vão se deslocar para municípios que apresentam surto ativo de sarampo. A imunização deve ser feita pelo menos 15 dias antes da viagem.
Casos em SP
O número de casos de sarampo em São Paulo em 2019 já é o maior registrado em duas décadas, segundo dados da secretaria. Durante muito tempo, apenas casos pontuais e importados de outros locais foram registrados no estado.
Desde a década de 90, os registros só ultrapassaram a casa do milhar em 1997, quando um surto da doença provocou 23,9 mil casos.
O sarampo é uma doença extremamente contagiosa causada por um vírus do gênero Morbillivirus, da família Paramyxoviridae. A transmissão pode ocorrer por meio da fala, tosse e/ou espirro. O quadro de infecção pode ser grave, com complicações principalmente em crianças desnutridas ou com sistema imunológico debilitado.
Foram registrados casos da doença nos seguintes municípios paulistas:
• Agudos - 1
• Americana - 1
• Aparecida - 1
• Araçariguama - 3
• Arthur Nogueira - 1
• Atibaia - 2
• Barueri - 34
• Bauru - 11
• Birigui - 1
• Biritiba-Mirim - 1
• Caçapava - 10
• Cajamar - 2
• Caieiras - 1
• Campinas - 23
• Carapicuíba - 37
• Catanduva - 1
• Cotia - 2
• Diadema - 6
• Embu - 1
• Embu-Guaçu - 2
• Fernandópolis - 28
• Ferraz de Vasconcelos - 2
• Franca - 8
• Francisco Morato - 12
• Franco da Rocha - 16
• Getulina - 1
• Guararema - 3
• Guaratinguetá - 1
• Guarulhos - 91
• VHortolândia - 3
• Indaiatuba - 7
• Itapecerica da Serra - 2
• Itapetininga - 1
• Itapevi- 1
• Itaquaquecetuba - 7
• Itu - 1
• Itupeva - 1
• Jacareí - 2
• Jaguariúna - 2
• Jales - 1
• Jandira - 2
• João Ramalho - 1
• José Bonifácio - 1
• Jundiaí - 5
• Limeira - 1
• Louveira - 1
• Macedônia - 1
• Mairiporã - 23
• Mariápolis - 1
• Marília - 1
• Mauá - 42
• Meridiano - 1
• Mogi das Cruzes- 8
• Olímpia - 1
• Osasco - 57
• Paulínia - 3
• Penápolis - 1
• Pedro de Toledo - 1
• Peruíbe- 6
• Piedade- 1
• Piracaia - 1
• Pirassununga - 1
• Pindamonhangaba - 3
• Poá - 5
• Praia Grande - 4
• Presidente Epitácio - 1
• Presidente Venceslau - 2
• Ribeirão Pires - 14
• Ribeirão Preto - 3
• Rio Grande da Serra - 2
• Santa Isabel - 1
• Santana de Parnaíba - 20
• Santo André - 126
• Santos - 28
• São Bernardo do Campo - 45
• São Caetano do Sul - 11
• São Carlos - 1
• São José do Rio Preto - 13
• São José dos Campos - 8
• São Paulo - Capital - 1.637
• Sertãozinho - 8
• Sorocaba - 15
• Sumaré - 3
• Suzano - 2
• Taboão da Serra - 2
• Taquaritinga - 1
• Taubaté- 4
• Vinhedo - 5
• Votuporanga - 2
• Total - 2.457
Surto no país
Antes considerado um país livre do sarampo, o Brasil perdeu o certificado de eliminação da doença concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em fevereiro deste ano, após registrar mais de 10 mil casos em 2018. O surto aconteceu principalmente nos estados de Amazonas e Roraima.
Durante as décadas de 1970 e 80, o sarampo ainda era umas das principais causas de mortalidade infantil no Brasil. Até que, a partir de 1999, o país não registrou mais mortes pela doença, o que só voltou a ocorrer em 2018.
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